A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 10 - Um cemitério de elefantes

          Quando chegaram em casa, Uru não disse uma palavra, apenas deu um banho nos dois filhotes, que logo adormeceram. A noite pareceu passar rápido e os primeiros raios de sol da manhã seguinte entraram na caverna da Pedra do Rei com muito entusiasmo.
          Taka olhou ao redor e viu que Mufasa se espreguiçava em um canto. Parecia que Ahadi havia aparecido durante a noite e deitado ao lado de Uru e dos dois. Taka estremeceu ao lembrar de como o pai havia agido na noite anterior.
          -Psiu - Mufasa chamou Taka, e ele se aproximou - Vamos acordar o papai e a mamãe?
          -Eles não vão nos xingar? - o irmão perguntou.
          -Acho que não - Mufasa deu de ombros e Taka sorriu.
          Os dois deram ao volta por cima do pai e pularam nele. Ahadi acordou com um susto mas logo começou a rir.
          Mufasa foi logo mordendo a orelha do pai para ele levantar, e Taka deu uma puxada de leve na sua juba, ainda com medo e confuso. Mas quando o pai olhou para ele, apenas sorriu e lambeu sua cabeça.
          -Desculpe-me por ontem, filho - ele disse, ficando de pé. - É que achei que tinha te perdido para sempre.
          Taka retribuiu o sorriso com muita alegria.
          -E mais uma coisa - o pai continuou. - Acho que vocês já estão bem grandinhos e podem começar a aprender coisas que um rei deve saber. Com 4 meses eu já tinha começado, vocês já tem essa idade então vamos lá.
          O pai levantou, se espreguiçou e bocejou, depois sacudiu a cabeça, fazendo com que sua juba negra voasse para todos os lados.
          Uru também levantou e se espreguiçou, sorrindo. Tinha gostado da atitude de Ahadi: treinar os dois filhotes.
          -Taka - Uru falou. - Você vai começar seu treinamento comigo, e Mufasa iá com papai.
          Enquanto Mufasa e Ahadi saiam da caverna, Taka não pode deixar de ficar um pouco triste. Ainda assim a própria mãe o estava traindo.
         

 

          -Meu filho - Uru colocou o filhote entre as patas. - Quero que saiba que eu confio muito em você, e quero que você seja o rei. Seu potencial é muito melhor que o de Mufasa. E acredito que você também pensa assim. Vou fazer de tudo para que você seja o meu herdeiro. - Ela deu uma lambida na juba que nascia na cabeça do filhote e ele sorriu. Ao menos tinha alguém do seu lado, alguém que ele amava. E começaram suas lições. A partir deste dia, Taka nunca mais escondeu as garras.





         
-E lá adiante é o cemitério de elefantes - Ahadi falava sobre o território para o filho, que ouvia atentamente. - Não quero que vá até lá, é muito perigoso.
          Mufasa assentiu, mostrando que tinha entendido.
          -Meu filho, - Ahadi sentou-se e olhou para ele. - Você é o rei por direito, herdeiro de Uru. E você tem mais capacidade que seu irmão. Espero que você faça de tudo caso ele tente tomar o seu lugar.
          Mufasa estava confuso conforme a isso, mas o pai voltou a falar. E assim seguiram suas lições.


          Fazia, 2 semanas que Mufasa e Taka já tinham tido lições. Certa vez, quando o sol estava alto no céu, eles resolveram compartilhar um com o outro o que já tinham aprendido.

          -O que você já sabe sobre luta? - Taka perguntou.
          -Bem, pouca coisa, na verdade... - Ele abaixou a cabeça, em sinal de rendição.
          -Então... - Taka se abaixou, em posição de ataque - É melhor tomar cuidado comigo!
          Ele pulou em cima de Mufasa e os dois brincaram de luta pela terra. Eles estavam longe da Pedra do Rei.

       

          Eles fugiram um do outro, correndo por entre a vegetação rasteira, escondendo-se atras de pedras, escalando árvores, até que pararam em um lugar estranho...
          O chão era seco e em vida, haviam muitas rochas e ossos ao redor. Formas escuras corriam de um lado por outro, dando risadas curtas. Mas eles não reconheciam aqueles animais, pois estavam cobertos pela névoa que estava cada vez mais alta em todo o lugar. Eles foram recuando lentamente para uma parede de pedra.
          -A-Aonde estamos? - Taka gaguejou, olhando ao redor.
          -Eu não faço ideia - Mufasa respondeu.
          Os dois ainda estavam escondidos por sobre as rochas e a névoa que agora estava sumindo.
          -Espere um pouco... - Mufasa farejou o ar e seus olhos se encheram de terror e risadas ecoaram por todos os cantos. - Estamos no cemitério de elefantes.

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 9: - A chuva que fere

          Taka correu para sua a Pedra do Rei o mais rápido que pode e chorou amargamente. Seu pai o estava excluindo... Ele não gostava dele. Não queria que ele governasse e estava ignorando ele totalmente. E Mufasa estava apoiando... Uma dor crescia no peito de Taka enquanto ele corria, cada vez mais rápido, até qualquer lugar. Lágrimas rolavam por seu pelo e suas patas estavam doloridas pela corrida.
          Ele não aguentava mais correr e parou debaixo de uma árvore qualquer. Lá ele chorou ainda mais. Quando se cansou e não saia mais lágrima alguma de seus olhos, Taka viu a lua cheia no céu. Ela estava extremamente brilhantes neste dia.
         Taka ficou observando e um pensamento lhe ocorreu: "E se eu fugisse?", "Talvez nem faria tanta falta assim já que ninguém liga para mim." E ele acabou adormecendo, perdido em pensamentos de fuga.

       

          A luz do sol iluminou os pelos de Taka, que sorriu com o contato quente, que iluminava seus pelos. Mas ele logo sentiu gotas de chova molhando todo o seu pelo e acordou, assustado.
          Ele olhou ao redor e viu que estava no mesmo local em que adormecera. Ao longe pode ver a Pedra do Rei. Nuvens tapavam o sol que antes brilhava em seu rosto, e os pingos de chuva caiam grossos, deslizando sob seu pelo e deixando-o colado ao corpo.
          Taka suspirou e olhou uma última vez para a Pedra do Rei, ele se virou para começar a caminhar sem rumo, sem destino, mas um rugido fraco mais adiante o fez parar. Ele olhou para trás, com medo e viu a cara de Ahadi furiosa. Os olhos tinham um brilho selvagem e a juba negra estava totalmente molhada por causa da chuva que começara.
          -O que significa isso? - Ahadi gritou para o filho, que se encolheu e recuou alguns passos com a cauda entre as pernas.
          -E-eu me perdi - o filhote mentiu.
          -Se perdeu? - Ahadi riu ironicamente. - Olhe para a pedra, ela está bem na sua cara! - Taka olhou e engoliu em seco. - O que você estava fazendo?
          Taka não respondeu nada, apenas olhou novamente para o chão.
          -RESPONDA! - Ahadi rugiu, e isso fez o filhote se encolher ainda mais. Lágrimas começaram a se formar em seu rosto.
          -E-eu vi você e Mufasa no nascer do sol, na Pedra do Rei e no pôr-do-sol - Ele falou rápido, sentando-se e inflando o peito, para mostrar que não tinha medo.
          As palavras o filhote pareceram exercer efeito no pai, seu rosto pareceu chocado, mas somente por um segundo, pois logo depois sua cara virou em fúria novamente.
          -Trate de não se orgulhar por tentar ter fugido - Ahadi gritou e Taka se encolheu novamente. Claro que o pai entendeu que ele iria querer fugir. - E Mufasa é o herdeiro por direito, isso não significa que você precisa fugir - ele rugiu.
          -Sabe, - Taka disse lentamente, ignorando o olhar furioso do pai. - Às vezes acho que você não me ama. Você só fica com Mufasa!

          -Mas eu amo os dois! - Ahadi gritou e depois sentou-se ao lado do filho, que se afastou e sentou mais distante dele. Lágrimas escorreram pelo seu rostinhos miúdo enquanto Ahadi o ignorava.
          Como seu próprio filho podia pensar isso dele? Ele apenas estava olhando pelo verdadeiro rei, o que nasceu antes e tinha total direito do trono.
          Ao ver o filho chorando, Ahadi não teve nenhum sentimento de tristeza ou culpa. Apenas raiva...
          -Não criei meus filhos para serem fracos! - ele rugiu, avançando sobre Taka,  que ficou de barriga para cima, chorando e soluçando ainda mais.
          -Taka! - a voz de Uru se destacou e o filhote viu quando a mãe empurrou o pai para o lado, ele saiu e um grunhido soou de sua garganta.
          A mãe abraçou Taka com força. Seus pelos molhados e espessos entraram em contato com o corpo frio e soluçante do filho, que o abraçou com ternura. Taka viu Mufasa mais adiante, perto de uma pedra.
          -Porque você fez isso? - Uru rugiu para Ahadi, largando Taka, que correu em direção à Mufasa, que o abraçou com uma pata. O filhote choroso encostou a cabeça no peito do irmão e continuou chorando.
          -Não criei meus filhotes para serem fracos - Ahadi falou, e ele e Uru começaram a andar em círculos.
          -Pois acho melhor rever seus conceitos sobre ser fraco - Uru falou baixo, mas ameaçadoramente e foi em direção aos filhos.
          Ahadi continuou sentado, observando Uru atravessar a chuva com Taka e Mufasa protegidos debaixo de sua barriga, para que não pegassem muita chuva.
          Os três caminhavam lentamente, pois a chuva retardava seus passos. Raios e trovões começaram a encher o céu e a chuva ficou mais forte.
          Suas patas estavam cheias de barro e deixavam rastros para trás, os filhotes estavam com muito frio e Uru queria a todo custo protegê-los.
          Ela estava furiosa com Ahadi. Mas olhou para trás. Um raio iluminou o céu cada vez mais escuro, e ela pode ver que Ahadi continuavam sentado do mesmo jeito que antes, parecia nem se importar com o tempo e seus filhotes.
















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E ai??? O que vocês acham que vai acontecer agora???

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 8: O reinado do sol

          Ahadi contou a Uru sobre a filha no mesmo dia, e a primeira coisa que ela disse foi:
          -Poderíamos ter ficado com ela.
          -Ela não vai ser rainha do mesmo - Ahadi deu de ombros, pouco ligando para a situação. - Mufasa é que vai.
          Um rugido surgiu na garganta de Uru.
          -E Taka, fica aonde? - ela perguntou. - Percebi que ele estava um pouco atordoado esta manhã. O que disse a ele?
          -Somente quem será o rei. - Ahadi respondeu, sentando-se na ponta da Pedra do rei e observando o sol que logo ia começar a se por.
          Uru deitou-se na ponta da pedra e não disse mais nada. Achava muito injusto o que estava acontecendo, mas no fundo concordava com Ahadi: Thema jamais poderia saber quem eram seus pais, quando ao rei... Ela acreditava mais na capacidade de Taka no que da de Mufasa.
          -Veremos quem será o herdeiro - ela disse, ainda deitada.
          -Então veremos - Ahadi respondeu baixinho, levantando e indo em direção aos filhos, que brincavam mais adiante.
          O pai os levou até bem longe da Pedra do Rei, para eles conhecerem  o local. Ele brincou um pouco com os filhotes e pouco tempo depois Uru apareceu para ficar com eles. Taka correu para as patas da mãe, pronto para um banho.


          Ele acabou dormindo nas patas da mãe. Pouco depois que ele dormiu, Ahadi chamou Mufasa para uma caminhada.
          Pai e filho percorreram em silêncio o trajeto até um lugar com várias árvores e terra macia sob as patas. Ahadi olhou para o filho e sorriu.
          -Filho - ele disse. - Veja o por do sol.
          Mufasa viu o sol dourado se escondendo no horizonte e manchando o céu que escurecia de vermelho-sangue.
          -O sol é como o reinado de um leão - Ahadi falou e esperou um pouco, para deixar o filho absorver a nova informação. - Quando ele nasce, significa um novo reino. E quando ele se põe, o reinado termina. Mas... Assim como o sol, nosso reino sempre nasce novamente, é um ciclo sem fim... Você já faz parte dele.
          Lá de trás de uma vegetação que parecia dourada com o por-do-sol, Taka estava encolhido... Tinha sido excluído mais uma vez.

Pessoal

Pessoal!! 
Eu quero saber o que vocês estão achando das minhas histórias. 


Podem comentar o quanto quiserem!!

Hakuna Matata 

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 7: amizades indesejadas

          -Vá chamar o seu irmão - Ahadi disse para Mufasa que ainda observava, encantado, o nascer do sol muito dourado do alto da Pedra do Rei.
          Taka, ouvindo isso se levantou e desceu correndo alguns "degraus" da irregular escadaria de pedras da enorme pedra e parou até ver o tufo de pelos na testa de seu irmão. Então, ele fez de conta que estava subindo com cara de cansado.
          -Taka! Taka! - Mufasa chamou quando viu o irmão subindo. O mais velho parecia eufórico - Venha! Papai está chamando.
          -Já estou indo - o outro respondeu, fingindo-se de contente e curioso. Quando chegou lá em cima correu atrás de Mufasa e chegou perto do pai.
          -Ola meu filho - Ahadi disse acariciando a cabeça de Taka com a ponta da cauda. - Quero que olhe este sol e tudo que ele toca. Isto, um dia, você dividirá com seu irmão.
          Taka percebeu de imediato que aquilo tudo não seria seu. E olhou para o pai:
          -Quem de nós vai ser o rei? - ele indagou, curioso, mesmo que já sabia a resposta.
          -Mufasa é o mais velho - Ahadi respondeu - mas isso não significa que você não vá ajudá-lo.
          O irmão sorriu para Taka, como dizendo que ele iria apreciar muito sua ajuda.
          Taka sorriu de volta e olhou para baixo do enorme abismo que se seguia e deu um grito, se escondendo atrás do pai. Mufasa continuava admirado com a paisagem que um dia seria sua e de seu irmão.
          -Está na hora de descermos - Ahadi falou e os três desceram. Taka teve certeza de que aquele dia custaria a passar...







          Pouco tempo depois de descerem, Mufasa e Taka resolveram brincar um pouco por aí.
          Taka resolveu fingir que nada disso havia acontecido. Ele iria provar ao pai que era mais capaz do que Mufasa... Ele só precisava esperar um tempo.
          -Você não vem, Taka? - Mufasa perguntou, vendo que o irmão ficara parado.
          -Ah! Desculpe Mufasa - o outro correu na direção dele - aposto que você não me pega!
          -Ah, pego sim - Mufasa deu um salto e Taka se abaixou bem na hora.

     

         -Haha! - Taka riu - eu disse!
         -Ah! - Mufasa fez - Mas eu ainda te pego!
         Ahadi e Uru se deitaram na sombra de uma árvore enquanto os filhos se divertiam.
       



Depois de uma meia hora correndo, eles já estavam um pouco cansados e resolveram parar um pouco.
         -Chega! - Taka disse ofegante e se jogando por cima do irmão. Os dois riram - Estou cansado.
          -Eu também estou - Mufasa disse.
          -Ei! - Taka disse - E se chamássemos Sarabi para brincar conosco?
          -Boa ideia - Mufasa disse e eles foram em direção à filhotinha que descansava nas patas da mãe. Uru estava com ela, conversando.

          -Você pergunta - Taka disse baixinho quando estavam chegando perto.
          -Não, você teve a ideia você pergunta - Mufasa replicou baixinho.
          -Você!
          -Você!
          -Você!
          -Tá bom - Mufasa bufou - eu vou então.
           Eles chegaram perto da filhotinha e Mufasa suspiro.
          -Sarabi, você não quer brincar conosco?
          -Mãe - ela olhou para sua mãe - Posso ir brincar com eles?
          -Tudo bem - a mãe disse - Mas volte antes de o sol se por.
          -Sim mamãe! - ela deu uma lambida no rosto da mãe, que sorriu.
           -O que nós podemos fazer?
          -Hum... - Taka pensou um pouco - sei lá, a gente inventa.
          Os três brincaram por umas duas horas quando pararam novamente para descansar.
          -Eu preciso ir - Sarabi falou - Mas amanhã a gente brinca de novo, pode ser?
          -Claro - os dois irmãos responderam.
          -O que podemos fazer agora? - Taka perguntou enquanto observava Sarabi correr em direção a mãe.
          -Explorar? - Mufasa sugeriu.
          Então os dois começaram a explorar todo o lugar que já conheciam.
          Até que deram de cara com oura leoa, que estava atrás de uma joaninha.
          -Quem é você? - Taka perguntou, dando um salto por cima da filhotinha e parando bem a sua frente. Mufasa começou a rir do jeito do irmão e correu para ficar ao seu lado.
          A leoa olhou de um para o outro riu baixinho.
          -Eu sou Thema - ela disse sorrindo.
          -Eu sou Mufasa e este é meu irmão Taka - Mufasa disse.
          Thema arregalou os olhos.
          -Os filhos dos reis? - ela perguntou, assustada. - Que honra estar perto de vocês!
          Taka e Mufasa se entreolharam. Esta era uma atitude incomum em filhotes. Eles geralmente corriam para brincar. Os filhotes simplesmente se consideravam totalmente iguais e ponto.
          -Ahn... - Mufasa começou. - Você quer brincar conosco?
          O sorriso de Thema voltou e eles brincaram por mais de meia hora.
          Foi então que Ahadi apareceu. O rei engoliu em seco quando viu sua filha brincando com seus dois filhos. Um olhar selvagem apareceu em seu rosto quando viu que a pequenina estava saudável e muito brincalhona. Mas ele logo tratou de mudar a cara. O que estava feito, estava feito.
          Os três filhotes pararam para descansar.
          -Mufasa, Taka - Ahadi chamou e três cabeças se viraram em sua direção. Ele parou na frente deles - Quem é sua nova amiga?
          -Sou Thema, senhor - ela respondeu.
          Ahadi olhou fixamente para ela e forçou um sorriso.
          -Preciso que venham comigo, filhos - ele disse e se virou, sem ao menos se despedir de Thema.
          Mufasa e Taka se despediram dela e correram atrás do pai.
          -Quero que fiquem longe de Thema - ele disse entredentes quando eles estavam longe - Entenderam?
          Taka e Mufasa fizeram que sim e olharam um para o outro. Taka, muito curioso, logo perguntou o porquê.
          -Ela não é digna da presença de reis - o pai respondeu, virando-se. - Venham, está na hora de comer.
          Na cabeça, Ahadi tinha apenas um pensamento. Ele achara que Thema tinha morrido por ter a aparência tão fraca, mas na verdade tinha sobrevivido e estava muito próxima de seus filhotes. Ele teria de tomar uma atitude. E deveria ser agora.

Jogo da Árvore Genealógica: Uru

URU
 



Mãe: 
Pai: 
Irmãos: 
Avôs: 
Avós: 
Marido: 
Sogra: 
Sogro: 
Filhos: 
Netos: 
Significado do nome: 

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 6: O favorito

          -Mufasa - Ahadi sussurrou na orelha do filho - Mufasa... Acorde - o filhote acordou, sonolento e olhou ao redor muito confuso - Venha, quero lhe mostrar uma coisa.
          Mufasa levantou e foi atrás do pai, ainda cambaleado.
          -Papai - ele sussurrou quando alcançou o pai - aonde vamos?
          -Shhhh - o pai fez - você vai ver.
          Uru e Taka continuavam dormindo e não perceberam quando pai e filho saíram da confortável e aquecida toca da Pedra do Rei.
          Mufasa, ao sair da caverna com o pai, percebeu que ainda não havia amanhecido e estranhou o pai ter acordado tão cedo e o levado junto.
         Ele olhou para trás e percebeu que todas as leoas e seus filhotes ainda dormiam e sonhavam.
          -Venha, meu filho - Ahadi disse e começou a subir pela escada irregular das pedras até no topo da enorme pedra. Queria mostrar ao filho todo o seu reino, já que um dia seria dele.
          Os dois chegaram lá em cima e Mufasa estava ofegante.
          -Papai! Papai! - ele parou ao lado de Ahadi - o que estamos fazendo aqui? Porque ainda é de noite?
          -Meu filho - o rei começou - venha - eles sentaram perto da borda da enorme rocha, Mufasa recuou um pouco ao ver toda a altura e se escondeu entre as patas do pai.
          -Papai... - ele disse, baixinho - aqui é tão alto...
          O pai não pode deixar de rir.
          -Mufasa - ele disse - sente-se ao meu lado - o filhote o fez. - O que você vê?
          O filhote olhou ao redor e pensou um pouco antes de responder:
          -Muitas terras, árvores, e rochas, e...
          -Isso mesmo, filho - o pai riu - isso será tudo seu um dia.
          Mufasa sorriu:
          -Sério papai? - ele perguntou, empolgado - tudo isso? As árvores, o campo e até os animais?
          -Isso mesmo meu filho. Tudo isso.
          -E eu vou mandar em tudo isso como o senhor? - Mufasa olhou para o pai.
          -Vai - o pai sorriu.
          Uma pequena dúvida pareceu atravessar os olhos do filhote.
          -Mas papai...
          -Hum?
          -E Taka? - o filhote olhou para Ahadi.
          -Taka - o pai pareceu pensar um pouco - ele não é o mais velho. O mais velho é você - Ahadi falou vagarosamente, fixando o céu a sua frente.
          -Mas ele não vai me ajudar?
          -Isso depende de você - Ahadi disse simplesmente.
          Mufasa não entendeu o que o pai quis dizer, mas resolveu parar de falar.
          O sol começou a nascer numa mescla de vermelhos, laranjas e amarelos, tingindo o antes céu azul muito escuro com cores vibrantes, acordando todos os animais.

          Taka acordou com um salto de um pesadelo e viu que o irmão não estava ao seu lado. Ele se levantou e procurou o pai para avisar, mas ele também não estava mais lá. Sua mãe estava dormindo e ele ficou tentado a acordá-la e perguntar se ela não teria visto o pai e o irmão saindo para algum lugar. Mas ele não queria aborrecer a mãe e a deixou dormir.
          O filhote saiu silenciosamente de perto da mãe e passou por entre as outras leoas e filhotes que dormiam tranquilamente. Quando ele passou ao lado de Sarabi hesitou em chamá-la também, mas ele a conhecera no dia anterior e, mesmo a considerando uma grande amiga desde já, ainda não sabia se podia ou não confiar nela.
          Decidiu ir sozinho atrás do pai e irmão.
          Assim que ele parou bem em baixo da entrada da caverna e viu o sol dourado nascendo, ouviu uma leve risada vindo de cima de sua cabeça. Ao olhar na direção pode ver o pai sentado observando o nascer do sol. Taka sorriu e resolveu ir ao encontro do pai e lhe fazer uma surpresa. Procuraria o irmão mais tarde.
          Ele correu até o topo da Pedra do Rei, ainda sorrindo, mas quando chegou lá teve de segurar a língua para não gritar "Papai!"...
          O que ele fez, na verdade, foi recuar um pouco e baixar as orelhas. O sorriso sumiu do rosto de repente e uma lágrima se formou em cada um de seus olhos.
          Porque o pai tinha um favorito. E esse favorito que observava o nascer do sol, não era ele.

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 5: a primeira das amizades

          Os dias se passaram após a data da apresentação dos filhotes, e eles já podiam ficar um pouco mais livres, como não existia perigo algum em andar pelo reino.

          Ahadi e Uru passavam muito tempo brincando com os pequenos, e nem preciso dizer que eles adoravam isso.
          Mohatu, o pai de Ahadi, também adorava passar um tempo com os netos. 

          Enfim, depois de alguns poucos dias,  os dois brincavam de esconde-esconde. Era logo abaixo da enorme Pedra do Rei. O dia estava fresco e os filhotes aproveitavam com muito gosto. Taka correu para de trás de uma enorme pedra, e enquanto recuava, bateu em alguma coisa.
          -Ai! - uma voz de leoa disse.
          Taka deu um salto e chiou.
          A leoa começou a rir e Taka ficou com uma expressão confusa.
          -Não precisa se assustar - ela disse, segurando o riso - eu sou Sarabi. Você deve ser Taka, não?
          -S-sim - ele respondeu, levantando - Sou Taka, o herdeiro de Ahadi e Uru.
          Sarabi deu uma risadinha, isso fez com que Taka ficasse ainda mais confuso e nervoso
          -Eu sou uma leoa do reino - Sarabi disse - você quer brincar?
          -Ahn... - Taka falou - meu irmão e eu estamos brincando, se você quiser brincar também.
          Sarabi sorriu.
          -Mas é claro - ela respondeu e Taka a levou até seu irmão
          -Ei! - Mufasa falou - assim não tem graça de brincar! Você tem que se esconder!
          Taka revirou os olhos.
          -Esta é Sarabi - ele apresentou - ela quer brincar conosco.
          Os três brincaram por muito tempo, até quase entardecer. Então, Ahadi veio buscar os dois:
          -Vamos, meus filhos, tenho algo para mostrar a vocês - ele disse, e quando passou por Sarabi lhe acariciou a cabeça com a cauda.
          Ela riu e começou a correr em direção a sua mãe, que lhe vinha buscar também.





          Ahadi os levou para uma campina, para que olhassem as estrelas.
          -Dizem que os reis do passado estão lá em cima, nos olhando - ele falou - e cuidando de nós.
          Mufasa subiu nas costas do pai, interessado, e Taka logo se distraiu com um camundongo.
          -Nossa - Mufasa disse - Todos mesmo?
          -Todos mesmo - Ahadi concordou - e um dia estarei lá também.
          Eles conversaram por mais algum tempo, e depois voltaram para a Pedra do Rei para dormir.


         
          Aquela foi uma noite tranquila, onde os dois irmãos dormiram juntos.

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 4: Os filhotes herdeiros

          Os dois dias se passaram para chegar o dia da apresentação dos dois herdeiros. Ahadi e Uru estavam muito orgulhosos dos dois filhotes. Eles estavam fortes e saudáveis.

           Viram Thema de longe entre esses dois dias. Nem ousaram se aproximar dela. Ainda amavam ela, mas quando mais distante, melhor para apequena filhote. Thema ainda parecia meio bamba, e seus olhos estavam um pouco tristes, pois ela não encontrava sua verdadeira mãe, seu pai não estava por perto e seus irmãos não a ajudavam mais.
          Mesmo assim, os reis sabiam que ela estava em boas patas.
          Enfim, era o dia de apresentar os filhotes. Ahadi foi até a ponta da Pedra do Rei e viu que os muitos animais estavam chegando para conhecer seus herdeiros.
          O rei voltou para  caverna, onde o andarilho Rafki passava um líquido a cabeça de cada filhote. Uru estava orgulhosa demais dos dois. Eles estavam aninhados em suas patas quando Rafki os tomou nas suas patas para os apresentar.
          Primeiro, Ahadi e uru pararam na pota da pedra, depois, o babuíno Rafki apareceu com os dois filhotes, um em cada pata.



          Ele os ergueu e Ahadi e Uru se afastaram alguns passos. Os animais reagiram com muita euforia ao vê-los. Todos festejaram e reverenciaram os dois filhotes. Um feixe de luz se abriu e iluminou os pequenos, fazendo com que a algazarra fosse ainda maior.

Os filhotes sorriam, sem nada entender daquilo tudo.
          Os leões, como sempre, estavam ocupando um posto um pouco maior que os outros e alguns filhotes se escondiam por entre as patas dos pais.
          Com esses filhotes, também estava a pequena Thema, indefesa e sem saber que também deveria estar lá.
          Ahadi e Uru olhavam os seus filhos, orgulhosos deles.

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 3: Não acredito em você

          Quando Uru voltou para perto de Mufasa, ela olhou em volta a procura de Thema.
          -Onde está minha filha? - ela perguntou.
          -Ela é muito fraca para a obrigação que deve cumprir - Ahadi respondeu
          -Mas ela é nossa filha! - Ahadi falou - O que você fez com ela?!
          -Apenas dei para uma leoa que vai cuidar melhor dela do que nós - Ahadi respondeu, olhando bem nos olhos de Uru - Veja bem, Uru, ela é muito fraca para ser rainha!
          -Mas ela é a terceira!
          -Mas mesmo assim é responsável - Uru rugiu, fazendo com que Ahadi recuasse.
          Mufasa e Taka se esconderam atrás de uma pedra, assustados com a atitude dos pais. Nessa semana de vida nunca tinham visto um leão furioso.
          Uru olhou para eles e de seus olhos saíram lágrimas.
          -Desculpe - ela murmurou - meus queridos - ela chegou perto deles e deitou. Os dois se aninharam em suas patas - nada de mal vai acontecer a vocês. Eu prometo.                                                                    
          Ela olhou para Ahadi, que se aproximou dela e dos filhotes.
          -Eu fiz o que achei certo - ele disse.

          -Mas ela ainda é nossa filha - Uru falou, e com muita dor no coração, continuou - eu teria feito o mesmo em pouco tempo. Reconheço. Mas ainda não acredito em você.
          Ela ficou de pé, deixando os dois filhotes deitados na relva. Ahadi sentou-se perto dela.
          -Um dia vai me agradecer por isso - ele disse.
          Assim, podemos perceber que o sangue-frio deles começou: quando os dois declararam que tinham apenas dois filhos.

A Lenda dos dois irmãos - Capítulo 2: ela é sua

          Ahadi e Uru estavam encantados com seus três filhotes. Com eles, sua felicidade era completa.
          Em poucos cinco eles já estavam brincando pela Pedra do Rei, mas nunca descendo dela. Em mais uma semana, eles seriam apresentados para todo o reino.
          Thema era um filhote muito fraquinho, embora estivesse sempre sorrindo e tentando acompanhar o ritmo dos irmãos,  ela sempre acabava ficando para trás. Os dois irmãos, Taka e Mufasa até tentavam a empurrar para perto deles, mas ela acabava sempre deitando-se perto da mãe e brincando um pouco com ela.
         

          Ahadi via a fraqueza na filha enquanto andavam no primeiro passeio. Ela acompanhava os passos dos irmãos com dificuldade, mas sempre tinha um sorriso no rostinho doce.
          O rei suspirou. Ele, Uru, os três filhotes e mais uma leoa estavam passeando. A leoa que os acompanhava era a que estava sempre cuidando de Thema.
           Em certa altura do passeio, Uru pediu uma pausa e foi beber água.
          -Detesto pedir o que vou pedir - Ahadi disse a outra leoa - mas eu gostaria que ficasse com minha filha. Vejo que ela não acompanha os passos dos dois. E, se acompanha, é com muita dificuldade. Quero que a crie como se fosse sua filha.
          A leoa sorriu. Embora achasse essa decisão estranha, gostaria de cuidar de um filhote já que não tinha companheiro. Ela pegou Thema na boca e saiu andando. Thema produziu um miado e ergueu a patinha para o pai com um olhar triste, mas ele olhou para o chão e murmurou:
          -Aqui somente os fortes sobrevivem.