-Vamos indo - ele disse, tentando ser firme. O irmão fez cara de medo, e isso fez Taka se sentir ainda mais corajoso. - Que tal explorarmos por aqui?
Ele começou a caminhar, com Mufasa a seu encalço.
Taka, percebendo o medo do irmão, resolveu se fazer de corajoso e forte. Talvez, se conseguisse tirá-los dali o pai daria mais crédito a ele e ele, Taka, seria o grande rei!
-Não! - Mufasa disse. - Precisamos sair daqui.
-Não se faça de medroso, irmão - Taka continuou caminhando, com um sorriso maldoso nos lábios. - Podemos explorar e logo, logo iremos para casa. Ok?
-Sei não... - Mufasa olhou ao redor.
-São só alguns ossos, Mufasa! - Taka respondeu, revirando os olhos. O irmão o seguiu.
Taka, para provocar o irmão, subiu em um osso que tinha o formato da cabeça de um elefante.
-Ei - ele disse. - Olha só que maneiro! - E deu um rugido, que mais parecia um miado, fazendo-se de rei. - Ordeno agora que todos os leões...
Uma risada ecoou por todo o lugar. Ela parecia vir de todos os lados e de nenhum.
Taka ficou sério e Mufasa se escondeu na cabeça do elefante mais próximo.
-Ora, ora, ora... - uma voz risonha falou. - Vejo que há deliciosos leões para o jantar desta noite - risadas altas e assustadoras. - E quem diria, são filhotes, e um bem mandão...
Olhos vermelhos piscaram, seguidos de muitas risadas. Então, uma forma negra saiu de trás da névoa, e os filhotes puderam ver claramente a forma de uma...
-HIENA! - Taka e Mufasa gritaram e fugiram para perto de uma rocha, mas não conseguiram subir e por isso se viraram para as hienas, encolhendo-se de medo.
-Não chorem, belezinhas, não chorem. Depois que o rosto está úmido a carne não é mais tão boa - a hiena falou e as outras, que corriam de um lado para o outro atrás dela, riram.
As hienas começaram a se aproximar vagarosamente. Taka olhou para Mufasa e murmurou:-Busque ajuda! - Mufasa fez que sim e correu por entre as hienas, algumas vezes arranhando e chiando. mas as hienas apenas riam.
Taka olhou de um lado para o outro e subiu na cabeça de um elefante, fazendo de conta que rugia. As hienas riram ainda mais e se aproximaram dele. De trás da enorme hiena que havia falado, haviam três pequenos filhotes que lambiam os beiços diante da refeição.
-Está na hora de ensinar que quem entra em nosso território, é refeição - e quando a hiena deu um pulo na direção de Taka, Ahadi voou na direção dela, fazendo- bater com força em uma pedra.
-Vamos, Taka - Ahadi pegou o filho pelo cangote enquanto a hiena ficava de pé. Seus três filhotes correram até seus pés, choramingando.
-Diga para seu filhotinho tomar mais cuidado da próxima vez - a hiena disse e se escondeu na névoa.
Quando chegaram a Pedra do Rei, Ahadi jogou Taka no chão ele saiu rolando e bateu numa pedra. A luz da lua brilhava fortemente sobre suas cabeças.
-Porque não fugiu como Mufasa? - Ahadi perguntou secamente.
-Ele veio buscar ajuda - Taka murmurou. - Pedi para ele vim buscar ajuda.
-E porque você não veio junto? - Ahadi rugiu. - Não se faça de idiota!
-É que... É que eu... - Taka gaguejava enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. - Achei que você fosse gostar mais de mim se eu vencesse uma hiena.
-Você? - Ahadi perguntou num tom de voz bem irônico. - Um filhotinho desse tamanho combatendo uma hiena adulta? Você foi um idiota, isso sim! Nenhum filhote consegue matar uma hiena adulta! Pensei que você iria morrer! Está me ouvindo?
Taka fez que sim, ainda olhando para o chão, com medo do que o pai poderia fazer.
-Espero que nunca mais tente uma coisa dessas - o pai disse e mostrou os dentes para o filho.
O filhote ficou ali, encolhido e chorando. Até que sentiu o focinho de sua mãe passar pela sua cabeça. Ele olhou para cima e viu a mãe o pegando pelo cangote. Uru caminhou vagarosamente até uma campina, onde largou o filhote e deitou no chão, observando as estrelas.
-Um dia eu estarei lá, nas estrelas - ela disse enquanto o filhote subia em suas costas. - Mas sempre estarei te ajudando e te apoiando. Não se preocupe com isso.
-Você não estará mais comigo? - Taka perguntou enquanto uma lágrima surgia nos olhos.
-Não aqui, ao seu lado. Mas se precisar de mim, estarei lá para te ajudar.
Taka sorriu. A mãe nunca iria abandoná-lo.
-Quero que sabia que eu te amo muito - ela continuou. - E vou fazer de tudo para que você seja o rei. Mas nada de tentar acabar com algumas hienas, certo?
Taka deu uma risada e caiu na frente da mãe.
-Certo - ele respondeu.
-Então vamos voltar para casa - Uru o colocou nas costas e eles caminharam em direção a Pedra do Rei.
Ahadi e Mufasa estavam acordados, rindo em um canto. Quando Uru e Taka entraram, Mufasa sorriu e Ahadi deu um pequeno sorrisinho de canto.
-Aposto que ninguém de vocês dois tomou banho - ela disse para os filhotes, que se entreolharam. Uru pegou Mufasa e olhou para Ahadi e depois para Taka. "É o único jeito de deixar pai e filho mais perto" ela pensou e suspirou.
Ahadi pegou Taka e se deitou ao lado de Uru. Aquele foi um dos banhos mais difíceis de toda a infância dos dois. Mas foi também o mais engraçado.
Na manhã seguinte, Taka acordou sem que os outros percebessem e foi em direção ao cemitério de elefantes. Ele achava que eles poderiam ajudá-lo a impressionar seu pai.
Taka teve muita sorte ao encontrar apenas os três filhotes que vira na noite anterior brincando. Ele se sentou em uma rocha e disse em uma voz serena:
-Acho que vocês nunca tiveram um amigo.
As hienas pararam de brincar imediatamente e olharam para ele.
-E tenho certeza que vocês gostariam de um amigo que protegesse vocês. Que as tirasse desse lugar nojento e repulsivo.
Seu plano estava funcionando! As três hienas caminharam em sua direção e ele pulou da rocha em que estava.
-Eu posso dar um reino inteiro para vocês - ele continuou. - Mas vocês não são minhas amigas, então é impossível fazer isso.
-Somos suas amigas - a hiena fêmea falou. - Mas não nos conhecemos direito.
Taka sorriu.
-Temos muito tempo para isso... - ele deu uma risada. E a partir daquele dia, começou a visitar suas novas amigas todos os dias. Sem perceber, estava traindo sua mãe.
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